sexta-feira, 24 de maio de 2013

Raquel Vs Martim

Eu até compreendo e partilho da preocupação com as condições em que muitas coisas são feitas (não só os têxteis, mas por exemplo muitos equipamentos electrónicos também), e também me preocupa o facto do ordenado mínimo em Portugal não ser suficiente para se viver (pagar casa, luz, água, gás, alimentação, vestuário, transporte e telefone, já não indo mais além).
Não me parece é que o facto do Martim ter tido a ideia, a visão e a acção (e já agora os fundos para o investimento inicial) de criar uma marca de roupa em Portugal, tendo ainda o cuidado (ou mesmo o acaso) de contratar os serviços de uma fábrica portuguesa, contribua quer para as condições dos trabalhadores (ou antes escravos) em determinados países (que muitas grandes marcas internacionais com opção de escolha exploram), quer para a manutenção do valor actual do ordenado mínimo em Portugal.


Por isso acho que foi completamente despropositado e descabido. Podia ter perguntado se contratou uma fábrica portuguesa ou não, e com a resposta afirmativa, ficava-se por aí, em vez de "atacar" a iniciativa que tantos outros portugueses com meios deviam seguir e que podem no futuro vir a gerar postos de trabalho, caso o Estado não venha a tirar o ar destes pequenos negócios com a corda a apertar em torno do pescoço feita de impostos.




Coisas que se me fazem encarquilhar (ainda mais) as unhas dos pés

Este é o tipo de ser que devia doar o corpo à ciência e ter o seu genoma mapeado, para ver se se descobre qual o(s) gene(s) da suprema intolerância, do pior tipo de atraso mental (que é quando não tens nenhum atraso mental conhecido pela ciência mas ages como se a tua mente fosse extremamente atrasada na compreensão de realidades diferentes da tua), e da maior pequenez e tacanhez que afecta a Humanidade.

O que eu mais gosto é: "P.S. Escusam de vir aqui insultar-me que eu não dou cobertura a insultos.".  Pois claro que não dá cobertura a insultos, apesar de todo o post ser um insulto a todos os homossexuais que querem ser pais, e à própria inteligência da senhora. 
E ainda, no "P.S. II": "Não vou cair na tontice de chamar estúpido e ignorante em cada parágrafo como ele faz (típico de discursos imaturos de pessoas mais ofendidas que racionais [...]. Há muito mais gente e gente brilhante (não com a inteligência de cinco tostões deste miúdo)". Self-explanatory (and sooo sooo funny).

Vivam e deixem Viver, porra!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Coisas que se me fazem encarquilhar as unhas dos pés

Ou: "Toca a elevar os padroezinhos na hora de responder a anúncios de emprego"


Ou: "Serviço público"




Esta semana ligaram-me para ir a uma entrevista no seguimento de uma candidatura que fiz a um anúncio para a área de RH.



Eu fui, toda contente (decidi ingenuamente ignorar a parte em que visitei o site da empresa e, para além de vago, conter erros ortográficos - vá, eu trabalho num grande grupo e até eles de vez em quando publicam as suas calinadas).



Chego a um prédio residencial daqueles velhinhos, a morada dizia 10º andar. Toco, a porta abre, entro. O elevador é daqueles velhinhos com duas portas de correr, que até metem medo. Entrei, corri as portas, carrego no número 9 (não havia número 10). O elevador dá um salto e pára a meio do r/c e do 1º andar. Presa entre dois andares, volto a carregar no 9º. Subiu até lá acima. 

Saio do elevador, as luzes não acendem. Carrego repetida e furiosamente no interruptor, nada. Mexo-me, nada. Vi umas escadas em frente. Subo dois degraus, as luzes acendem-se, mas ainda estou no 9º e não havia mais escadas ali para subir. Volto-me para trás, e há mais escadas atrás do elevador. A luz apaga-se novamente. Depois de 3 degraus subidos a medo, a luz volta a acender-se. Chego ao 10º, toco à campainha e dou um pulo com o barulho que faz (algo semelhante a um homem velho mas ainda cheio de genica para grunhir a toda a gente - tipo eu quando for velha). Espero um pouco, abrem-me a porta, dão-me uma ficha para preencher e indicam-me a "sala de espera", com cerca de 6 pessoas sentadas.


Sento-me, preencho a ficha, e absorvo o ambiente. Uma secretária do IKEA em frente à porta sem ninguém por trás. Não havia computador, nem uma cadeira. As paredes estão pintadas, umas de vermelho, outras de amarelo. Todo o recheio da sala de espera veio do mesmo sítio da secretária. Há uma pequena mesa quadrada, com um rádio em cima, que inunda o silêncio transmitindo belas obras musicais transmitidas pela rádio Orbital.



Vão chamando as pessoas duas a duas, ora um rapaz, ora uma rapariga. O rapaz conduz as entrevistas numa sala que dá para a "sala de espera" e interrompe a entrevista entre 4 a 5 vezes para ir abrir a porta sempre que o velho grunhe.



Está imenso calor (estamos no último andar de um velho prédio), não há ar condicionado e... não há "tecto"! Uns centímetros abaixo das visíveis barras de cortiça no tecto está uma grelha metálica que suporta as lâmpadas. E é isso.



Nesta altura já estou ali mais pela diversão e curiosidade mórbida de descobrir que banha da cobra me íam vender (ou, na realidade, que me íam tentar impingir a vender).



Sou chamada por uma rapariga, e comigo um rapaz que também esperava. Atravessamos um corredor, vou espreitando pelas portas entreabertas e é impossível não reparar na ausência de computadores (e já agora, de pastas, arquivos, material de escritório...) nas secretárias onde algumas pessoas "trabalham" (?).



Chegamos a mais uma sala despida, com uma secretária (não reparei se também era do IKEA) novamente sem computador, com meia dúzia de folhas e uma caneta.



A rapariga começa por mim, desculpa-se por não ter lido os CV convenientemente (desconfiem sempre que vos pedirem para levar o CV convosco, apesar de já o terem enviado por email), pergunta-me se trabalho, o que faço exactamente, e o que procuro. Respondo. É a vez do rapaz. Ele responde.

Começa sensatamente por dizer que talvez a oferta deles não seja propriamente o que eu procuro (a sério?! o facto de eu ter respondido a um anúncio de RH, com uma carta de apresentação a revelar que o que quero é trabalhar em RH, e da mesma informação estar escrita no meu CV, só depois de eu estar sentada à sua frente é que a rapariga desconfia que o que eles têm para "oferecer" não é "propriamente" o que eu procuro. Boa, mais vale tarde que nunca.). A partir daí começa o discurso fantástico, acompanhado de uns quadros que vão tomando forma num papel à medida que o discurso se desenrola, com setinhas e tudo).


Pois que são uma empresa fundada há algumas décadas nos EUA (apesar de no site estar escrito que a empresa foi fundada no Algarve no ano passado... AHAHAHA), que se expandiram pelo mundo, estão presentes aqui, ali e no outro lado e estão actualmente a preparar uma equipa para ir para o Brasil (uau!).



Pois que toda a gente que entra na empresa começa por baixo, quer tenha curso, quer não tenha, não há cá cunhas para ninguém, é igual para todos. A partir daí é só subir! A empresa baseia-se "exclusivamente na performance". "Quanto mais se der [à empresa], mais se ganha [€]". Ena.



E o que é que se tem de fazer de início? Não fiquei para saber, mas vender qualquer coisa de porta em porta, provavelmente a recibos verdes, só se ganhando depois de vender determinado número de qualquer treta, sem ajudas de custo para deslocações, telefone, nada. Isto é só o meu palpite, mas algo me diz que não estou muito longe...



Avisaram também que os horários são desde as 10h até às 19:30/20h, mais meio dia ao sábado, que é "um dia mais descontraído e divertido". Portanto ainda me pagariam (?) para me ir divertir meio dia com a malta ao sábado! Que espectáculo!



Infelizmente o rapaz que entrou comigo era licenciado em cinema, freelancer na área, farto de trabalhar e depois não receber, desesperado por um trabalho qualquer que lhe dê um ordenado ao fim do mês. Rapaz do recibo verde, o alvo perfeito. 

Infelizmente, parece-me que ainda não foi ali que encontrou o que procura.


Eu só gostava de saber porque é que raios esta malta sem vergonha, exploradora e aproveitadora do desespero das pessoas se dá ao trabalho de colocar anúncios absolutamente falsos (quando comparados com a realidade do que querem que as pessoas façam quando lá chegam), atraindo (também) pessoas que felizmente não caíram no abismo da crise e da precariedade e procuram empregos reais.



Qual será que foi a parte da minha carta de apresentação e CV que eles não perceberam?


Ainda lhes dou o mérito de conseguirem ser minimamente organizados quando, ao ligarem para as pessoas, referirem o anúncio (e função referida no anúncio) que cada pessoa respondeu! Porque quando me ligaram disseram com todas as letras que estavam a ligar no seguimento da minha candidatura para "gestor de RH". Quando me vim embora desci com uma rapariga que se tinha candidatado a um anúncio para assistente de back-office.


Caso alguém tenha tido a paciência de vir aqui, ler até ao fim e, caso se queira livrar de sorte igual, a "empresa" dá pelo nome de "JR Marketing Solutions" ou "JR MKT Solutions" e têm vários anúncios espalhados por aí. O site é este: http://www.mkt-sol.pt/ e também têm página no facebook: https://www.facebook.com/jrmarketingsolutions



Boa sorte!




quarta-feira, 8 de maio de 2013

Para a M.

Desde que te conheço, há cerca de 11 anos, não estive contigo no dia do teu aniversário.
E o que me custou!
Estava longe de imaginar, há 11 anos, que te virias a tornar numa das (poucas) pessoas mais próximas, mais presentes, mais queridas, mais importantes da minha vida. Uma Companheira de viagem.
Gosto-te imensidões.
E foi duro imaginar que ninguém estava a celebrar como tu mereces que se celebre o aniversário da tua existência, tão importante para mim.
Sabes que és mesmo muito importante para mim, não sabes?
Anseio por tempos em que possamos estar mais próximas fisicamente e pelo resto das coisas que ainda vamos ter para partilhar ao longo do caminho.

Parabéns M.!

A muitos mais dias de celebração da tua existência, de preferência comigo mais perto de ti. :)


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Coisas que me fazem espécie #1

Erros de português fazem-me espécie em geral (e também eu os dou, e agradeço a quem prontamente mos corrija). Muito havia a dizer sobre isto, mas desta vez o meu foco vai para a maneira como a língua leva uns ajeites em músicas, para rimar, ou para caber melhor na métrica, ou sei lá porquê.


Se isto não estivesse no meio de uma canção lamechas do Paulo Gonzo, seria piada nacional:

"[la la la la] numa palavra diria: sei-te de cor"
Ahn??!!
Podem comprovar aqui.


Já ouvi muitas outras pérolas mas, graças à minha memória de peixinho de aquário, não consigo pô-las aqui.



A mais recente, que me mexeu mesmo com os nervos, foi até uma bela canção do Manuel Fúria, "Canção para Casar Contigo". Não é que o senhor lhe deu para deixar palavras a meio? E eu fico ali, de ouvido apurado, já quase encostada às colunas do carro, à espera da última sílaba e, nada! E eu "espera, não podes estar a ouvir bem, ouve lá com mais atenção" e... nada! Mas... Mas... 

Espera que vai ser agora, ele está a repetir, é agora que lá vem a palavrinha completa, inteira, realizada, feliz, a ser cantada e... nada! A pobre coitada foi amputada sem dó nem piedade. Mas e a última sílaba da palavra, senhores?! Para onde foi, onde a esconderam? Ainda descrente, fui ao youtube ouvir melhor em casa e, ou é de mim, ou... nada outra vez!
O senhor canta alegremente "a igreja estava toda iluminada / oh noiva por favor chega atrasa-a-a-a-aaaaa-aa-a-aa-a-aa-aaa-aa" mas e o "da"?! Cadê o "da"?
A-tra-sa-DA. DA DA DA DA.
AtrasaDA!
Aqui fica: (só para chatear mais um bocadinho, não consigo colocar aqui o vídeo, como queria, pelo que vai ter de ser de link) http://www.youtube.com/watch?v=ZT-D4XuRDBk

terça-feira, 23 de abril de 2013

Sonhos!

Hoje o Sr. Carlos foi ter comigo ao meu local de trabalho para me entrevistar para um projecto de voluntariado empresarial.
E de uma pequena conversa eu fiquei com tanta esperança e tantos sonhos!
E quando o Carlos me pergunta sobre o que fiz em termos profissionais eu lá desbobino desapaixonadamente os sítios por onde andei e no fim colmato com a minha nova meta: trabalhar com pessoas, que já não suporto mais números, e tentar um mestrado assim e assado.
E ele "ah que engraçado, eu tenho uma licenciatura nessa área, e estou a adorar este projecto, conhecer tanta gente boa, e as formações engraçadas, e ainda na última aconteceu isto e aquilo, e foi tão giro" e o meu coraçaozinho a bater mais depressa, e a mente a babar, "é isto que eu quero para mim"!
Estou ansiosa por que este projecto ganhe vida e arranque, e dê mais cor aos meus dias e, se tudo correr bem do lado de cá, já me imaginei a mandar um mail ao Carlos a dizer que se a coisa crescer e houver mais trabalho e precisarem de mais um par de braços e muita dedicação, eu ía amar colaborar com eles do lado de lá!
Uma pessoa pode sempre sonhar! E de vez em quando os sonhos até se tornam realidade!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Síndrome de Domingo à Noite

Um nervoso no estômago. Um aperto no peito. Uma angústia na alma.
Faço de tudo para atrasar o momento de ir para a cama, como se isso adiasse o momento de ir trabalhar na segunda de manhã.
Odeio o que faço. Estou farta, fartinha da desorganização, de apagar fogos, de trazer trabalho para casa, de trabalhar até mais tarde, de ver folhas de excel e números à frente o dia todo, todos os dias.

Quando me convidaram há cerca de um ano atrás para mudar de funções na empresa onde trabalho não sabia bem o que me esperava. Infelizmente foi apenas um enorme acréscimo de volume de trabalho, de horas trabalhadas, de responsabilidade e ZERO de acréscimo no vencimento. Zerinho. Nicles batatóides.
Ah e tal, com tanta gente desempregada devias era estar contente de ter emprego. Pois é, mas não estou.
E infelizmente até conheço bastante gente que no último ano ficou sem emprego. E estou farta da crise, e ainda mais farta da desculpa que a crise traz a tantas empresas que obviamente não estão "em crise", e ainda mais como as empresas usam a "crise" para se aproveitarem das pessoas, para as explorar, para as pressionar, para fazê-las fazer tudo e mais alguma coisa perante a hipótese do despedimento e, por vezes, ainda assim, depois de as sugarem até ao tutano, despedi-las na mesma. Apetece-me cuspir na cara dos engravatadinhos de contas bancárias recheadas que estão por detrás destas decisões.

Eu sei que há realmente bastantes empresas que lutam com o que têm e o que não têm para se manterem à tona da crise. Essas não são para aqui chamadas, não é dessas que falo.

Também sei que se calhar há pessoas que dariam tudo para estar no meu lugar. Pessoas que se calhar rezam por serem exploradas num trabalho mal pago, porque não têm outra opção e precisam desesperadamente de uma fonte, ainda que parca, de rendimentos. Sinto-me revoltada por cada vez mais existirem essas pessoas, mas, ainda assim, estou absolutamente farta do meu trabalho!

Agora vou continuar a empatar e arranjar mil desculpas para não ir para a cama, para tentar sentir que o fim de semana ainda não acabou, e que eu não estou prestes a voltar ao trabalho que odeio durante mais uma semana.